Jeju Haenyeo (제주 해녀 문화)

A Ilha de Jeju é uma ilha vulcânica pertencente à Coreia do Sul. Considerada um Patrimônio Mundial Natural da Unesco, é um paraíso repleto de paisagens magníficas e que conta ainda com as haenyeo (해녀), as mulheres do mar. Como símbolos e parte da história da Ilha de Jeju, as haenyeo são mulheres que mergulham cerca de 30 metros abaixo da superfície aquática sem máscaras de oxigênio. Mergulham nas chamadas “fazendas marinhas” e recolhem frutos do mar, como abalones, conchas, pepinos do mar e hijiki (alga marinha), para se sustentar.

Seguindo a técnica de mergulho muljil (물질), essas mulheres se reúnem dia a dia e mergulham no mar por sete horas diárias, noventa dias ao ano, todos os anos. Já acostumadas com o frio do oceano pela manhã, as haenyeo se reúnem em grupos menores nos chamados bulteok (불턱) e são designadas para locais litorâneos específicos, onde, lideradas por uma haenyeo, entram de corpo e alma no vasto oceano, e assim iniciam o que batizaram de “caça ao tesouro”.

Fonte: https://www.jejunews.com/news/articleView.html?idxno=1981845

Entre elas há um forte espírito de comunidade, em que seguem regulamentos e normas, na qual a principal delas é a proibição de se mergulhar sozinha, e é priorizado entre as haenyeo o trabalho em grupo, visando evitar situações perigosas. Na circunstância em que problemas são enfrentados, as haenyeo se reúnem e tomam decisões através do livre debate, buscando a compreensão e assentimento de todas.

Ademais, cada fazenda marinha, local de trabalho das mulheres do mar, é operada por uma eochongye (어촌계), uma cooperativa de haenyeo, sendo que na ilha há uma desta para cada povoado costeiro, totalizando cerca de cem organizações.

Iniciaram seus trabalhos marinhos no período em que os homens estavam coletando comida ou até mesmo em guerras. Sendo assim, elas desenvolveram um avanço extremamente importante no status da mulher e se tornaram modelos de igualdade de gênero, visto que desempenharam, e ainda desempenham, um papel de independência na sociedade e na economia doméstica, juntamente com os homens.

Todavia, desde a década de 1970 seus trabalhos se tornaram uma escolha consciente, e não mais um imperativo. Neste ponto, pode-se refletir sobre a escolha de mulheres de cerca de 70 anos que ainda se encontram totalmente integradas em seus trabalhos, pois é uma escolha de vida em que elas fazem o que amam, o oceano.

Além do mais, através da vasta experiência, as haenyeo detêm um imenso conhecimento da natureza, sabem sobre a geografia do mar, sobre as mudanças nas correntes, e principalmente sobre o ecossistema marítimo. Contudo, a mais importante visão das haenyeo é de que elas não vêm a natureza somente como fonte de material, e ensinam, de geração em geração, como preservar e conviver com o meio ambiente. Sendo assim, elas promovem a sustentabilidade ambiental através de seus métodos ecologicamente corretos e também discutem e envolvem a sociedade na gestão das práticas de pesca, para elas é um compromisso preservar e conviver com o ecossistema do oceano. As haenyeo são uma parte fundamental da Ilha de Jeju, e são elas as verdadeiras defensoras da ecologia.

A cultura das haenyeo em Jeju foi inscrita em 2016 na Lista de Patrimônio Imaterial da Unesco, contribuindo para a melhora na situação das mulheres na comunidade e também para a ecologia, visto seus métodos de pesca que não prejudicam o meio ambiente e o respeitam.

Fontes:

  1. https://artsandculture.google.com/story/zQUR-M5it2w0IA https://www.abc.net.au/news/2021-11-21/come-on-an-underwater-treasure-hunt-with-korean- haenyeo/100597018
  2. https://ich.unesco.org/en/RL/culture-of-jeju-haenyeo-women-divers-01068
  3.  https://pt.unesco.org/courier/april-june-2017/haenyeo-lendas-vivas-jeju
Continue explorando

Artigos relacionados

Ritos – Funeral (장례)

Os ritos fúnebres referem-se a todos os procedimentos cerimoniais para tratar um morto. Como os coreanos antigos tinham uma visão da vida após a morte,

Ritos – Nascimento (출생)

Uma corda “tabu” (Geumjul 금줄) é uma corda feita de palha, que acreditam ter a força de dividir espaços, e é pendurada na porta de

Taekwondo no Brasil

No ano de 1969, o presidente da International Taekwondo Federation (ITF), Choi Hong-hi, recebeu um convite do presidente Médici, para visitar o Brasil. O presidente