K-pop

A Hallyu trouxe o K-pop, estilo musical surgido no final dos anos 1990 que segue diferentes ritmos, como hip-hop, rap e R&B. O K-pop transformou a Coreia do Sul no 13º maior mercado musical do mundo, ainda em 1997. Em 2002, os sul-coreanos mantinham a segunda maior indústria de produção musical da Ásia.

Segue o ranking dos países no mercado musical global (indústria fonográfica/música gravada) de IFPI, de 2021, onde se observa que a Coreia do Sul ocupa a 7ª posição:

Fonte: Global Music Report – IFPI, 2022

Segundo IFPI (2022), o grupo BTS ocupa a 1ª posição no quesito “Artistas mais populares e mais vendidos de 2021”:

Fonte: Global Music Report – IFPI, 2022

Um breve histórico das transformações culturais na Coreia do Sul

As transformações da Coreia do Sul, no século XX, foram rápidas e complexas. Iniciou o século XX sob o domínio colonial japonês, passou pela Guerra da Coreia, realizou uma acelerada industrialização e urbanização, juntamente com a democratização, o que resultou em um processo de “ocidentalização”. Nesse contexto, a própria ideia de Coreia e seus componentes da cultura coreana estavam quase sempre em fluxo, com noções radicalmente distintas e contraditórias em jogo a qualquer momento.

Depois do período colonial japonês (1910 a 1945), deu-se lugar ao domínio dos EUA na Coreia do Sul após a libertação. A ocupação trouxe diversas influências como a música popular americana, não sendo apenas jazz e blues, mas, também, pop e rock através do rádio e da televisão das Forças Armadas dos EUA e cinemas que exibiam em grande parte filmes de Hollywood. Entre as décadas de 1950 e 1960, durante o domínio cultural americano, a população começou a ser cada vez mais influenciada.

A urbanização rápida e adensada, também com influências exteriores, aproximou os sul-coreanos de produtos culturais importados, que por sua vez se difundiram por meio das modernas tecnologias de comunicação: rádio, cinema e televisão.

No entanto, se considerarmos o consumo musical da Coreia do Sul na década de 1970, que foi uma época de rápido crescimento econômico, política autoritária e considerável deslocamento social, isso falsifica a simples alegação de domínio cultural popular dos EUA. As canções folclóricas tradicionais que existiam anteriormente ainda permaneceram populares, especialmente no campo. Nas áreas urbanas, apesar da elite abraçar a música clássica ocidental, a música popular que ainda estava em predominância era o trot (트로트), uma variante coreana da enka japonesa.

Para o surgimento do atual K-pop, um salto exponencial foi o surgimento do grupo Seo Taiji and the Boys (서태지와 아이들) em 1992. Foi um dos primeiros grupos a incorporar o rap e as sensibilidades do hip-hop à música popular sul-coreana.

Durante os anos iniciais do movimento Hallyu (onda coreana), o produto cultural mais comentado era a novela sul-coreana. Apesar da popularidade dos dramas de televisão sul-coreanos que consolidaram a ideia da onda coreana, o referente inicial também incluía grupos musicais sul-coreanos, como H.O.T. e Baby V.O.X.

No final dos anos 2000, no entanto, a força motriz da onda coreana, que muitas vezes foi apelidada de onda coreana 2.0, parecia ter mudado para a rápida ascensão do K-pop. Eles abandonaram a pentatônica tradicional em favor da diatônica contemporânea. Não havia mais os lamentos estridentes do canto melismático, mas o canto percussivo e silábico sinalizando o “cool urbano”.

O que tornou o K-pop um estilo de música tão inovador foi que ele não soava coreano. A sua originalidade e impacto revolucionário não veio apenas de uma geração de música popular americana, disseminada por videoclipes desde a década de 1980, mas, também, do J-pop, um gênero de música popular japonês distinto que se tornou dominante nos anos 1980.

A ascensão do K-pop é em grande parte um sucesso de exportação sul-coreano e um triunfo da indústria cultural. De fato, é precisamente porque não há muito “coreano” no K-pop que pode se tornar uma “venda” tão fácil para os consumidores no exterior. Nesse sentido, o K no K-pop é uma marca, parte da Brand Korea que tem sido desenvolvido pelo governo sul-coreano, orientado para a exportação.

A partir de 2015, por conta das redes sociais, a disseminação global do K-pop e do entretenimento coreano podem ser vistos no Brasil, nas Américas, na Índia, na África, no Oriente Médio e em diversas outras regiões do planeta, e com isso temos a ascensão de grupos como BTS (방탄소년단), BlackPink (블랙핑크), Twice (트와이스) e Red Velvet (레드벨벳), além do grande sucesso “Gangnam Style” do cantor Psy (싸이).

Como consequência, vimos que a cultura coreana não parou de crescer, trazendo para todas as partes do mundo o que chamamos de quarta geração do K-pop, com nomes como Enhypen (엔하이픈), Tomorrow x Together (투모로우바이투게더), Ateez (에이티즈) e Itzy (있지). Além disso, com a popularidade do K-pop, houve um aumento no consumo de novelas (K-drama) e filmes coreanos (K-movie). Os maiores exemplos que temos são o filme Parasita e a série Round 6. O filme ganhou vários prêmios, como o Oscar de melhor filme e a Palma de Ouro. Já a série se tornou o primeiro drama de língua não inglesa a ser indicada ao Emmy.

Fontes:

  1. CONSULADO Geral da República da Coreia em São Paulo. [República da Coreia] CULTURA CONTEMPORÂNEA 상세보기 | Informações Gerais. São Paulo, 14 fev. 2020. Disponível em: https://overseas.mofa.go.kr/br-saopaulo-pt/brd/m_6208/view.do?seq=755191&page=1. Acesso em: dez. 2022.
  2. IFPI. GLOBAL MUSIC REPORT STATE OF THE INDUSTRY. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.ifpi.org/wp-content/uploads/2022/04/IFPI_Global_Music_Report_2022-State_of_the_Industry.pdf>.
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